Eu sou! Há prepotência nessa afirmação
Já que desprovido de sonhos estou,
Sem voz, sem vez, sem ação.
Sou existência cinza, admito
De vida resumida ao preto e branco
Do choro diário sem pranto
Da desilusão social, do desencanto.
Às vezes busco de mim um descanso
Afasto-me dos reais dissabores
Sorvo meu café… invento amores
E permaneço apenas por não ter saída.
No fundo, até que compro umas brigas
Acabo me interessando por alguém
Trato sempre os grandes com desdém
Fingindo ser grande também.
Mas, preciso despertar minha inércia
Ela atua firme, sustém-me nos saltos
Ela só não faz amor comigo
E nem me lustra os sapatos.