DIA MESQUINHO

para Ricardo F. Souza

Muito embora magro, feio e desprezado
Segue firme, incompreendido e mal amado
Como um Judas ao esquecimento renegado.

Mendigando comida, abrigo e carinho
Revirando lixos em becos escuros, sozinho
Sobrevive a mais um dia tão mesquinho.

Quando dorme (se é que dorme) ele tem medo
É despertado a pontapés, e ainda parece cedo
Para esse imensurável, infame e vil degredo.

Levanta-se debaixo de palavrão e de esporro,
Sob aqueles andrajos um homem pede socorro,
Um homem, eu disse um homem e não cachorro!