Cultivo uma flor diariamente
A qual o patrão tenta roubar,
O pastor diz ter direito a uma parte
E o estado insiste em me taxar.
A escola diz que é assim que tem que ser,
A polícia veio ameaçando me prender.
A justiça sem demora determina, enfim,
Que a flor pertence a eles e não a mim.
Não pode o homem seja quem for
Cultivar esperanças no porvir
Não pode jamais ter uma flor
Quem nasceu só para servir.
Revoltei-me. Pisoteei a flor, esburaquei o jardim.
Choveu polícia, porrada e cativeiro
Trocaram-me por outro jardineiro
Que agora produz além de flores, capim.
As flores são do estado, conforme foi julgado
E eu fui esquecido… fiquei desempregado,
Quanto ao novo jardineiro fura-greve, lambe-bota
Orgulha-se do que faz, sob peia… um idiota!
Pobre homem que vai seguidamente à igreja
Come capim, trai os companheiros e vota
Rende-se às normas e não se revolta
Maldito infeliz, maldito para sempre seja!